quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Brasil prepara entrada em vigor do acordo ortográfico


Agência Lusa

Os organismos brasileiros competentes estão a preparar a entrada em vigor do Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa, afirmou, em Brasília, o secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), embaixador Luís Fonseca.
“Técnicos brasileiros vão preparar reuniões para colocar em marcha o Acordo Ortográfico, que já pode entrar imediatamente em vigor em pelo menos três p aíses - Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe”, assinalou Fonseca à agência L usa, após reunir-se com o ministro brasileiro da Educação, Fernando Haddad.
Esses três países já ratificaram o Acordo Ortográfico e também o Protoc olo Modificativo ao texto, aprovado em Julho de 2004, em São Tomé e Príncipe, du rante a Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da CPLP, que tornou possível a pronta entrada em vigor do Acordo.
O Protocolo permitiu que o Acordo vigorasse com a ratificação de apenas três países, sem a necessidade de aguardar que todos os outros membros da CPLP adoptassem o mesmo procedimento.
Portugal já ratificou o Acordo Ortográfico mas ainda falta ratificar o Protocolo Modificativo.
Para além de conversar sobre acções para acelerar a entrada em vigor na prática do Acordo Ortográfico, Fonseca e o ministro Haddad conversaram sobre a necessidade de cooperação no âmbito da CPLP para a formação de professores e a disponibilização do acervo bibliográfico para todo o espaço da comunidade lusófon.
O secretário executivo da CPLP encontrou-se hoje também com o ministro brasileiro da Saúde, Agenor Álvares, para tentar facilitar o desenvolvimento da cooperação entre os oito integrantes da Comunidade - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Luís Fonseca disse que recebeu grande apoio de Agenor Álvares e que haverá uma reunião dos ministros da Saúde da CPLP no final deste ano, na Cidade da Praia, onde deverão ser coroadas todas as iniciativas na área da saúde, nomeadamente no combate à sida (AIDS), malária, tuberculose e mortalidade infantil.
Na terça-feira, o secretário executivo da CPLP reunir-se-á com a Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ellen Gracie, e com o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Quarta-feira, Luís Fonseca visitará em São Paulo o Museu da Língua Portuguesa, a Universidade de São Paulo e a Federação das Indústrias do Estado (FIESP), seguindo na quinta-feira para Salvador da Baía, Nordeste do Brasil.
O embaixador regressa a Lisboa sábado.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

CANTINHO DO HUMOR

LEITE OU VINHO?


EXPRESSÕES CURIOSAS EM LÍNGUA PORTUGUESA

"Santo do pau oco" - A Coroa Portuguesa costumava cobrar imposto altíssimo sobre as pedras preciosas e o ouro. Quem não queria pagar colocava as peças dentro de imagens de santos e assim passava pelas vistorias que havia nas estradas.

"Para inglês ver" - Em 1830, pressionado pela Inglaterra, o Brasil começou a aprovar leis contra o tráfico de escravos. Mas todos sabiam que elas não seriam cumpridas. Falava-se, então, que as leis eram apenas para inglês ver.

"A vaca foi para o brejo" - Quando a seca é mais violenta, os animais começam a procurar os brejos, regiões que permanecem alagadas por mais tempo. É sinal de que a situação piorou.

"Farinha pouca, meu pirão primeiro" - A farinha de mandioca era um dos alimentos que os bandeirantes costumavam levar durante suas viagens pelo interior do Brasil. Quando o estoque de comida estava acabando, o prato principal era peixe com pirão. Nesse momento, o chefe da expedição usava a força do cargo.

"Sem eira nem beira" - As casas portuguesas de classe média tinham uma pequena marquise para proteção contra a chuva (eira). As mais ricas, além de eira, tinham beira (desenhos arquitetônicos sobre as eiras). Não ter nenhuma das duas era sinal de pobreza.

"Hora de a onça beber água" - o animal costuma fazer isso ao anoitecer, e, segundo a tradição indígena, esse é o melhor momento para abatê-lo.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

A Gramática do Bom Humor

MILLÔR FERNANDES

Quando os resultados descobriram a língua, ela já
estava completamente pronta pelo povo. Os eruditos
tiveram apenas que proibir o povo de falar errado.

No princípio era o verbo. Defectivo, naturalmente.

Entre o porquê e por quê há mais bobagem
gramatical do que sabedoria semântica.

Por quê? é filosofia. Porque é pretensão.

Está bem, lingüístas, se dois é ambos,
por que três não é trambos?

As palavras nascem saudáveis e livres,
crescem vagabundas e elásticas, vivem informes,
informais e dinâmicas. Morrem quando contraem
o câncer do significado definitivo
e são recolhidas ao CTI dos dicionários.

Devemos ser gratos aos portugueses.
Se não fossem eles estaríamos até hoje falando
tupi-guarani, uma língua que não entendemos.

É evidente que no princípio foi a interjeição,
Insoptável pelo espanto diante do fogo, do raio.
Depois foi o substantivo para designar a pedra e a
chuva. E logo o adjetivo, que fazia tanta falta para
ofensas. Mas eles continuam insistindo em que no
princípio era o verbo.

Que língua, a nossa!
A palavra oxítona é proparoxítona.

Língua Portuguesa


Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amote assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!